A Secretaria de Comunicação não foi informada que Hamad al-Thani, de quem Mozah Al Missned é a segunda esposa, abdicou do trono catariano em 25.06.2013, em favor do seu filho Tamim al-Thani, o atual emir, e a não ser que Hamad al-Thani tenha também abdicado da segunda esposa em favor do filho, Mozah não é mais rainha.
> Poses para fotos
O propósito da visita, em tese, seria “estudar parcerias para a educação indígena”, mas, de vera, foi produzir material publicitário para a Fundação Qatar, presidida por Mozah Al Missned, um fundo cheio de petrodólares voltados à educação.
> Monarquia absolutista
Mozah Al Missned roda o mundo propagando a sua cruzada pela educação, mas no seu emirado, uma monarquia absolutista comandada pela Casa de Thani desde meados do século XIX, esse glamour é uma quimera.
Shakespeare, se vivo fosse, ambientaria suas peças no Qatar e os personagens seriam os membros da Casa de Thani. Hamad al-Thani, por exemplo, subiu ao trono depois de, em 1995, desferir um golpe de Estado contra o próprio pai, e nesse junho abdicou do trono, em favor do filho, para não ser ferido com o mesmo ferro.
> Direitos humanos
O Qatar é um dos países que mais desrespeitam os direitos humanos. O escândalo mais recente foi a denúncia, publicada no The Guardian, que dezenas de trabalhadores “importados” do Nepal, são escravizados pelo emirado em obras de construção civil.
O The Guardian reporta que nas obras em Doha, para a Copa do Mundo de 2022, morre um nepalês por dia, o que foi confirmado pela embaixada do Nepal em Doha, a capital do Qatar.
O jornal ouviu trabalhadores que alegaram ter tido os passaportes confiscados para não abandonarem as obras, e que o acesso à água potável lhes é negado.
> Contas mal feitas
O Qatar é um dos países mais ricos do mundo devido à exploração de petróleo e gás natural, cuja reserva é a 3ª maior do mundo. É listado como o país de maior renda per capita do mundo, e como o 36° IDH do planeta, mas essa conta esconde um lado cínico não considerado pelas trenas.
No emirado residem 1,9 milhão de habitantes, mas apenas 250 mil são cidadãos catarianos (nascidos no país). Os demais são trabalhadores estrangeiros, oriundos de países pobres da África subsaariana, que não entram na conta da renda per capita e IDH ostentados, ou seja, em pleno século XXI, o Qatar é como a Roma imperial de antes de Cristo, que dividia os seus habitantes em cidadãos e plebeus: para aqueles, algo, para esses, a escravidão.
> Que venham os dólares
Mas se a elegante e charmosa Mozah Al Missned, para bater as fotos, deixou um punhado de dólares, ótimo: o dinheiro dela tem o mesmo valor que teria o da Madre Tereza de Calcutá.
fonte: Parsifal
fonte: Parsifal
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